REVISTA SEMESTRAL DE DIREITO EMPRESARIAL

Sociedades anônimas, estatismo e concentração

Companies, big government and market power

Palavras-chave:
Sociedades anônimas. Estatismo. Concentração. Grupos de sociedades. Reorganizações societárias.
Resumo:
Aqui está o texto formatado: A lei das sociedades por ações, usualmente, é muito elogiada, mas há aspectos questionáveis relacionados à lei. Em particular, os legisladores que outorgaram a lei tinham aspirações sobre as quais, comumente, não se escreve. Eles desejavam intervir, drasticamente, na economia brasileira. Em vez de dar ênfase para isto, autores renomados, frequentemente, reverenciam características técnicas da lei. Quando juristas criticam a lei, eles têm em mente determinada ideia sobre concentração. Eles entendem que a lei favoreceria concentração e que a lei ajudaria a consolidar o poder de controle com um número pequeno de acionistas. Além disso, eles dizem que grupos de sociedades e que reorganizações societárias seriam, intrinsecamente, anticompetitivas. As objeções a estes argumentos serão apresentadas aqui neste artigo. Aqui, será argumentado que, embora o raciocínio relacionado à concentração e à lei esteja errado, é verdadeiro que os autores do anteprojeto da lei entendiam que o Estado deveria atuar como um empresário investidor. Para levar a cabo esta tarefa, em um primeiro momento, discorrer-se-á sobre as finalidades da lei das sociedades por ações. Depois disso, a posição dos redatores da lei será abordada. Em seguida, tratar-se-á, brevemente, do problema da função social da empresa e passar-se-á ao âmago do artigo: a crítica à ideia de concentração de poder na lei e da suposta relação entre reorganizações societárias, grupos de sociedade e poder de mercado. Ao final, será apresentada uma conclusão. Do ponto de vista do método, vale-se de escritos dos redatores da lei das sociedades por ações para a compreensão de determinadas finalidades pretendidas da lei e de comentários de diferentes especialistas renomados que discorreram sobre a lei.
Como citar:
PORTUGAL, Daniel Ochsendorf. Sociedades anônimas, estatismo e concentração. Revista Semestral de Direito Empresarial, Rio de Janeiro, n. 33, p. 81-103, jul./dez. 2023